Disse irônicamente a mamãe que iria até Liverpool. Obviamente já sabia do que se tratava, mas resolveu indagar-me. Posso perder qualquer coisa, mas eles, jamais - respondi enquanto desarrumava o último metro quadrado do meu quarto. Mamãe ficara nervosa com a situação e resolve dar um berro. AQUELE BERRO.
Paraliso. Não, não admito e não arrumarei o quarto enquanto não achar meus amigos, meus heróis - a enfrentei, como nunca antes, tudo pelo Vinil. Sabia que minha mãe tinha se assustado com tal postura mas ela não podia perder a pose. Orgulhosa.
Mamãe se rende ao meu tom passivo e revida.
- Eles não existem, não existem. E depois de um belo suspiro - Maldito Beatles.
Ela sabia o que falara, e que também me deixaria irritado, fora de mim. Depois da ofensa, fecha a porta tentando impedir qualquer manifesto meu. Tentou.
- Nem Jesus Cristo é mais famoso que os Beatles mãe. Nem Jesus Cristo... - Senti minhas palavras atravessarem a porta e arranhar a devoção da mamãe, mas eu não consgui controlar.
Década de 60. The beatles acabara de 'invadir' o mundo com o seu rock. Como sempre não agradou a todos, muito menos a bela senhora devota da igreja.
E o fato de eu gostar de John, Paul, George e Ringo com a idade que eu tinha incomodava demais. Sempre dizia que deveria estar de joelhos diante de Deus. Muitas vezes o fazia, para que ficasse feliz, mesmo achando que uma imagem de gesso e com expressão sofredora não me ouviria.
Começa ai um conflito entre eu, mamãe, igreja e THE BEATLES........